Apesar de anoitecer
tão de var gar zinho.
Vagarosa
fico durante o verão e fraca.
a noite passa e sempre me acordo molhada,
tapada demais, de menos.
Há mosquitos promíscuos por toda a parte,
partem das paredes
e sujam meus chinelos por debaixo deles.
Se soltam das teias.
Xíiii.
Apesar de anoitecer tão cedo,
durmo pouco, durmo e me acordo tarde,
de noite,
a tarde.
Não uso relógio.
Não uso desse tempo, estou no meu.
Se uso, só pra bonito, então.
Uso pulseiras nos pulsos.
Uso lentes, de gradê.
Durmo quente, me acordo atrasada,
ranzinza
e acabo me atrasando ainda mais,
por ficar.
Pra ficar trançada
pra transar.
Me atraso.
Durmo e me acordo com frio,
a janela batendo no gancho.
A corrente ta passando.
O passarinho a ciscar.
A onda vai vir?
De onde?
-Voando.
Vem, que eu vou junto.
me jogo nela.
me enlaço, passo o laço no cabelo,
me enrabo,
só mais um pouquinho.
só mais cinco minutinhos.
junta todas as pontinhas.
dobra, puxa e passo.
dobro a roupa no chão.
descubro o cabide na palma da minha mão.
To loca? Não, to com pressa.
-Mãe! me ajuda aqui to presa.
Que pressa do cassete porra.
-Pra quê tanta pressa?
Me soltô? Tô solta, ufa, me soltei só.
To solteira, to sozinha.
Já vou indo...
To atrasada ainda, pra transar.
Pra ficar trançada, toda travada to.
Me batendo por tudo.
To estabanada pra banda
Que merda, estou a suar.
Só pra transar devagarinho.
No verão... pra não suar.
To suando porra,
tô correndo pra trepar.
-Calma, já vais estar.
(Já anoitece na cidade.)
-Tranco a porta, mãe?
-Não. Se não, quem vai entrar?
Fuuuui.
(Clack )
Um comentário:
Muito bom. Adorei o ritmo!
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