Para ti. Meu amor.

I

...E na tentativa de... não...
Não sei se me sai muito mal tentando, ao não te olhar nos olhos...
Sabia que se o fizesse, estaria...
Te encontrarias nos meus braços em poucos segundos, assim, exatamente como houve de ocorrer...



II

E dormimos de qualquer maneira.
do lado avesso do colchão molhado,
de coturnos ou mesmo sem.
Aquele no chão, que me faz coçar as ancas
e coça as minhas coxas,
aquelas de que tanto gostas, de apertar.

Só depois, é claro
das intermináveis discussões,
sobre a vida e filmes,
sobre seus cenários e figurinos,
Sobre filmes se parecerem com a vida.

Nos nossos sonhos...

E saímos naquela manhã, quando mal acordamos
Quando nem dormimos, porque não te deixo dormir direito,
para tomarmos cafés.
Atrás dos cafés por entre as ruas desse balneário frio.

Andamos pela praia, o sol na cara
Rimos.
E andamos de trator na orla
(não, ainda não andamos de trator
Motoristas de tratores tem cara de que vão me matar e etc.)
Tratores são surreais.
O que não é?
E me provastes que o mundo não é tão assim como pensava.

E não me canso de gritar na tua janela,
por vários nomes.
Às vezes não me abrem a porta.
No meio da madrugada...
mas insisto,
mais algumas vezes e sempre
chegam alguéns com caras de cansados,
olheiras e um cigarro entre os lábios.
É lindo de se ver daqui de baixo.

Eu fujo pra tua casa,
de novo e todos os dias novos.
Fuja da ignorância e de outros caras chatos,
à procura de um pouco de sanidade
e no lugar mais improvável, que a encontrei...


III

Cobertos

“Toda nossa malícia é acentuada quando estamos juntos...

És o homem que me tira sangue, me queima,
me corta, me olha e me retalha com os olhos.
E me bebes....
Me beberias se pudesses.

E ainda, no dia seguinte, não há nada que te incrimine.
Nada que prove em mim, as tuas barbaridades,
Aquelas, de que tanto gosto.

És, o que toma o freio nos dentes, trancando-os
Trincandos – os, até os lascar.
E digo que: - Podes me morder, sim.

E não me peças desculpas,
por carnificinas cometida, aquelas, no ato,
Sou eu que as provoco.

Ainda não cansei...
De fazer amor na sacada,
torcendo,ou não para os vizinhos verem.
Abafados por cobertas,
Coberta com a tua respiração ofegante e teu suor
que pinga nas minhas costas e as sinto, uma por uma.
Coberta por ti,
Me cobre...”


II, continuação

...encontrei o que tantos procuram descomedidamente, assim, desse nosso jeito caótico.

E sei que se um dia o seu corpo se cansar do meu,
o que eu não acho muito provável que aconteça de nenhuma das partes,
das pequenas e todas as partes, minhas e tuas que gostamos,
saberei que ainda existirá tu e que um dia eu tanto gostei.
E se gozei.
E quando tudo isso terminar e que, mesmo que achamos que não, de alguma maneira terminará.
Só quero que saibas que eu te amei.
Ah, se te amei.


“Eu estou lhe escrevendo, para que nunca esqueças do dia que me fizestes feliz.
E se por algum acaso, esses dias passem como uma chuva de verão, ou mesmo mais rápido que um trovão, que clareia noites escuras, em meio ao temporal e que amedronta tantas pessoas, mas que é tão singular, estrondoso e há milhões de anos há os que sabem admira-los, ou não.
E tem pessoas que morrem atingidas por raios, tem algumas que se escondem embaixo de suas cobertas para não serem atingidas, mas mesmo assim o são. Saibas que:
Eu fui.”


Para :R.